No Dia da Pátria, ao lado do Brasil independente, nós da Associação Comercial de Maceió também completamos mais um ano de história, 155 anos desde o dia em que o presidente José Joaquim de Oliveira liderou outros empreendedores para criação de uma instituição que carregaria em sua trajetória a coragem, a justiça, a defesa da liberdade econômica e da democracia. O primeiro ato daquele momento foi a alforria da escrava Bemvinda desafiando poderosos que não acreditavam em uma sociedade que respeitasse os valores individuais.
São muitos anos participando com sucesso da vida dos alagoanos, por isso o 7 de setembro deveria ser um dia exclusivo de festa. Porém, os últimos fatos no cenário nacional nos colocam em reflexão e nos cobram posicionamentos com a firmeza que a situação exige. Sabemos que os poderes são independentes e harmônicos, mas não é isso que temos visto, tamanha as ingerências provocadas por homens e mulheres que deveriam zelar pela defesa dos valores e princípios de uma nação soberana.
O sistema constituído em 1988 tem dado sinais de falência devido ao fato de que representantes de instituições não cumprem com seus deveres constitucionais. Faz certo tempo que o Supremo Tribunal Federal entrou em um terreno que não lhe cabe: o da vida político-partidária. Ao mesmo tempo em que o Legislativo passou a cobrar faturas e o Executivo se deixou encurralar. Essa ação beligerante provoca reações como as que veremos nos atos do Dia da Independência. O homem de bem que se manifesta indo às ruas, de verde e amarelo, cores do nosso País, é aquele que se sente sufocado, afinal, o confronto pelo confronto, a sabotagem e a corrupção prejudicam o crescimento de uma nação.
O problema já é antigo, mas com as armadilhas criadas na atualidade por magistrados e parlamentares – que não seguem as regras do jogo da cidadania, nos empurram para uma situação perigosa. Hoje estamos presos dentro de uma crise que parece sem fim, perdendo a oportunidade de fazer mudanças que colocariam o Brasil em patamares mundiais de liderança. Os culpados todos nós conhecemos e estes não estão do lado do povo. Estão ao lado de ideologias e projetos de poder que não têm limites na opressão.
A Venezuela é um excelente exemplo de como as coisas não devem acontecer, pois quem quer empreender precisa de estabilidade econômica e política, além de segurança institucional. Impedir o livre exercício das prerrogativas de um presidente é ir de encontro ao que deseja a população e com isso causar essa situação perigosa que se avizinha e que tanto coloca em xeque o futuro de todos.
Eu estou dizendo simplesmente que, com esse modelo atual, nós não vamos superar essa crise que nós estamos vivendo, crise iniciada nos desmandos e na corrupção, e que não nos mostram o caminho da retomada econômica e social. Cobro de todos a reflexão e ao mesmo tempo peço serenidade para encararmos os desafios com coragem, marca maior que essa história de 155 anos nos ensinou.
Kennedy Calheiros
Presidente da Associação Comercial de Maceió